Segurança das crianças no celular: Mitos que você não sabe, verdades que desconhece

Imagem do Artigo: Segurança das crianças no celular: Mitos que você não sabe, verdades que desconhece

10/06/2022 Bullying e CyberBullying, Educação Digital, Especialista em Direito Digital, Palestra, Palestras sobre CyberBullying

A segurança das crianças no celular é um problema que envolve questões bastante polêmicas. Nesse sentido, muitas informações não são verdadeiras, tornando-se mitos. Trata-se de crenças que só aumentam o problema, ao invés de fazerem parte da solução.  

O mais grave é que pais e educadores se sentem perdidos em meio à tanta especulação. E as dúvidas sobre o que fazer e sobre o que é certo ou errado se acumulam. 

Não restam dúvidas de que vivemos em um mundo conectado, onde não conseguimos, muitas vezes, fugir do virtual. Por isso, sabemos, o quanto é difícil impedir que nossos pequenos tenham acesso às telas de celulares, tablets, smartphones, computadores e outros meios eletrônicos. 

Mediante a impossibilidade de retirar completamente o virtual de nossas vidas, o que nos resta fazer é, portanto, buscar o equilíbrio. E para que ele se torne real e possível temos, primeiramente, que conhecer os mitos e verdades que cercam a questão. 

Segurança das crianças no celular: Quem sabe faz a hora…

Não é possível continuar convivendo com dúvidas e incertezas. Portanto, o ideal é buscar informações. Aqui trazemos para você mitos e verdades que rondam o acesso das crianças ao celular. Mas também vamos conversar sobre o que podemos fazer a respeito disso. 

Nós sabemos que o uso descontrolado e mal orientado é pernicioso. É, com certeza, danoso para a saúde emocional, mental e física das crianças. No entanto, há fatores discutíveis na questão.  

No decorrer da leitura, você verá que nem tudo que parece lógico é verdadeiro. Desse modo, é bom entender que nem sempre o acesso ao celular é totalmente improdutivo. Ao contrário, sendo bem orientado e utilizado dentro de limites pré-estabelecidos, pode contribuir para o desenvolvimento infantil. 

Portanto, é preciso refletir, não só a respeito do tempo que o infante fica no celular. Mas também deve ser considerada a qualidade desse acesso, ou seja, o quê a criança está vendo ou ouvindo, e como e com quem está interagindo.  

Por isso, a atitude primeira, de pais e educadores, deve ser no sentido de informar-se. É preciso correr atrás de conhecimentos que nos mostrem caminhos. O que importa é conhecer a verdade, para saber o que fazer, pois conforme o refrão eternizado por Geraldo Vandré “Quem sabe faz a hora não espera acontecer…” 

Segurança das crianças no celular: Quem pode responder por isso? 

Pais e educadores são responsáveis por orientar os infantes. Veja o que afirma a Dra. Ana Paula Siqueira Lazzareschi (Advogada especialista em Direitos digitais e à frente de programas contra Bullying e Cyberbullying , nas escolas de São Paulo). Ela esclarece que:  

“A interação com o mundo – inclusive via recursos digitais, deve ser feita sob supervisão permanente de pais e mães. Quando se abre mão disso, não importa sob quais pretextos, abrem-se portas para níveis inaceitáveis de conflitos que descambam em cyberbullying e estupros virtuais.”- LAZZARESCHI DE MESQUITA – 2021 em Papo de Mãe 

Porém, não há como educar sem ter conhecimento. Esta é a melhor razão para conhecer tudo que cerca a questão. Além disso, quem tem menores sob sua responsabilidade, não pode ignorar o que afirmam os médicos e demais estudiosos do assunto. 

Muito do que se divulga são crendices ou conceitos mal compreendidos. Por ignorarem o que é correto, muitas pessoas saem propagando informações confusas. Conheça então, mitos e verdades que envolvem a segurança das crianças no celular. 

Segurança das crianças no celular: mitos e verdades que você desconhece 

Dentre todas as questões que envolvem o uso do celular e a segurança infantil, existem mitos, mas há também verdades, que muitos ignoram.  

Para entender os dois lados desta problemática, trazemos aqui relevantes informações. Elas te revelarão algumas verdades, que talvez você desconheça e alguns mitos que correm mundo por aí. 

Primeiro Mito : acreditar que existe total privacidade na rede. 

Você já ouviu dizer que “Quem cai na rede é peixe?” Isso não é verdadeiro somente nas pescarias. É real também na rede WEB, onde os celulares de muitas crianças ficam conectados diariamente.  

Alguns pais, responsáveis e educadores acreditam que basta ter um antivírus para que os pequenos estejam protegidos. Não é bem assim. Mesmo cercados por aplicativos de segurança, as crianças ficam expostas quando usam a Internet.  

Se pararmos para refletir, vamos perceber que dificilmente não são deixados rastros quando se está conectado. Se para um adulto isso é grave, imagina o que não será quando os dados se referem a crianças?  

Por isso é que a privacidade na Internet nem sempre pode ser considerada inteiramente segura. Principalmente dados sensíveis, de crianças e adolescentes estão em risco com o uso incorreto e excessivo do celular.  

Dados de infantes, como números de whatsapp, e-mails e perfis nas redes sociais, podem cair em mãos erradas e trazer graves problemas, como por exemplo o Cyberbullying.  

Sendo assim, é fundamental que haja segurança digital capaz de coibir o risco que se apresenta quando as crianças adentram o mundo por meio dos celulares. Um dos pontos de partida para a segurança é acreditar que a privacidade na rede é coisa muito rara. Uma criança com um celular na mão dificilmente estará ausente de perigos. 

É super importante que as crianças, usuárias de eletrônicos, saibam que perdem a privacidade quando entram na Internet, através da tela de seus smartphones. Ali, encantados pela luz dos celulares, eles se expõem ao mundo. 

A WEB nada mais é do que uma extensão do que vivemos no mundo real. Há coisas boas e ruins, belas e terríveis. Há pessoas mal intencionadas e sites que pervertem. Nem tudo é bom, divertido e educativo.  

Tanto pais quanto educadores têm a obrigação de proteger. Portanto, em casa ou na escola, a privacidade dos infantes precisa ser preservada. Se você é pai ou mãe comece a assegurar a proteção dos dados sensíveis de seus filhos, desde o momento de matricular na escola.  

E se você é um educador ou diretor de escola e deseja saber mais sobre a importância de proteger os dados sensíveis e a privacidade de crianças, conheça as melhores dicas, sugeridas por uma especialista. 

Uso do celular estraga a visão? Mito ou verdade? 

Muitas pessoas acreditam que as telas dos celulares causam mal irreversível à visão. De acordo com médicos da Sociedade Brasileira de Oftalmologia, não é bem assim. O que pode ocorrer é um problema chamado Síndrome do Olho Seco.  

Este é provocado pela ausência de lubrificação do olho, ou seja, ao manter os olhos fixos, em um jogo, no celular, a criança nem pisca. Isso causa uma evaporação constante da umidade do canal lacrimal. A falta do piscar impede que o olho seja lubrificado. Esta é a dificuldade que os celulares podem trazer. Porém, o problema não causa doença ocular grave. 

Sendo assim, representantes da SOB – Sociedade Brasileira de Oftalmologia – afirmam que o contato visual com os celulares não é causador de riscos oftalmológicos permanentes. E os casos de vista cansada ou olho seco, por falta do piscar podem ser tratados com colírios lubrificantes. 

Criança no celular só aprende coisa errada! Mas nem sempre 

Este é um outro mito que divulgam por aí. Alguns até usam este argumento para tentarem afastar os pequenos da frente das telas. Como maneira de pôr medo, afirmam categoricamente que o celular conectado à internet atrapalha os estudos, desfavorece o aprendizado e deseduca. Mas não é bem assim. Tudo depende de como o celular é usado. 

O celular tem os seus dois lados, assim como qualquer outro eletrônico, há o lado positivo e o negativo. No caso do celular, se o uso for controlado, há excelentes ganhos. A internet está repleta de jogos e atividades educativas e programas pedagógicos que auxiliam o aprendizado e até desenvolvem o raciocínio.  

Por isso, os pesquisadores concordam que celulares podem ser usados a favor da educação das crianças. A tecnologia digital não pode ser impedida de chegar até elas.  

O que afeta o aprendizado é, por exemplo, passar noites no celular, reduzindo o período de descanso noturno. Isso realmente causa mal. Compromete a memória e a atenção e coíbe o desenvolvimento cognitivo, entre outros prejuízos.  

O celular não precisa ser vilão, desde que seu uso seja monitorado. O essencial é que seja orientado e que seja direcionado o conteúdo que elas acessam.  

Meu filho está em seu quarto, com o celular. Ele está seguro. Ele está sozinho. É nisso que você acredita?  

Quem nunca ouviu esta frase? Ela é usada por muitas mães e pais para não se preocuparem. Acreditam que enquanto a criança está quieta em seu quarto, ela está segura. Cuidado é o que se deve recomendar aos que pensam assim.  

Primeiramente é preciso entender que a criança não está sozinha. Ela está no mundo! Cercada por todo tipo de perigo. Ela está no celular! Está conectada!  

Acreditar que uma criança não corre riscos, estando sossegada, em seu quarto, com um celular conectado é querer enganar-se. Ela está sujeita a sofrer cyberbullying e pode até se expor à pedófilos e ser vítima de  outras pessoas mal intencionadas.  

Além disso, sem orientação, pode acessar sites de relacionamento e outros que levam a corromper sua ingenuidade infantil. 

Uso excessivo de celular gera dependência – isto não é mito. É uma verdade 

Usar o celular continuamente pode levar à um tipo de dependência denominada Nomofobia. Trata-se de uma espécie de vício que faz com que as pessoas tenham necessidade extrema de permanecerem o tempo todo com o celular.  

É um problema psicológico que gera ansiedade e depressão. A vítima passa a sentir um medo incomum de ficar sem acesso ao celular. Sente-se só e perdido quando não está com o aparelho por perto. 

Psicólogos e estudiosos desta questão afirmam que o problema tem afetado muitas crianças entre 4 e 5 anos. Estas apresentam um alarmante grau de dependência. Ente os sintomas que surgem quando se veem longe do celular estão: a irritabilidade, frustração excessiva, ansiedade e estados depressivos.  

Crianças no celular: Outros riscos reais  

Além da Nomofobia e Síndrome do Olho seco já citados, outros problemas reais podem surgir com o uso indevido e excessivo do celular pelas crianças. Entre estes os mais comumente observados são:  

  • Ansiedade e estados depressivos 

A criança pode se tornar refém das curtidas, ou seja, fica dependente da atenção e dos comentários positivos das pessoas, nas redes sociais. E acaba se frustrando quando isso não ocorre.  

  • Insônia 

Usar o celular antes de dormir prejudica o sono. A luz emitida deixa o organismo em estado de alerta, dificultando o sono.  

  • Estímulo a comportamentos agressivos.  

A internet acessada por meio do celular promove exposição passiva das crianças a situações de agressividade.  

  • Prejudica o rendimento escolar, devido á perda de foco e atenção.  
  • Provoca desinteresse pelo estudo; 
  • Afeta relações sociais.  

Algumas crianças ficam arredias e introspectivas com o uso exagerado do celular.  

  • Promove uma sexualidade precoce; 
  • Provoca vista cansada. 

Segurança das crianças no celular: Uma pesquisa 

A TIC Kids Online Brasil entrevistou mais de 3 mil crianças e adolescentes , entre 9 e 17 anos, por ocasião de uma pesquisa . Nesta, o objetivo era investigar o acesso à internet por meio de dispositivos móveis. Um dos resultados concluiu que:  

  • 85% acessa a internet por meio de dispositivos móveis, sendo que 31 por cento utiliza exclusivamente o celular. 
  • 18% dos entrevistados deixou de comer ou dormir para acessar a rede.  
  • 20% sentiu-se mal por não poder utilizar o dispositivo para acessar a Internet.  
  • 15% permaneceu na Internet automaticamente, mesmo sem estar interessado no que estava acessando.  

São questões que trazem a discussão para o campo da preocupação., visto que a cada dia aumentam as consequências do uso desordenado dos celulares pelas crianças. No entanto, a sociedade científica não está de braços cruzados.  

Diante da incerteza de pais, responsáveis e educadores , que se perdem em meio a mitos e verdades, a Sociedade Brasileira de Pediatria se manifestou por meio de documento orientador para a prevenir a Saúde de crianças e adolescentes na era digital.  

Neste documento eles recomendam que o celular e o acesso a internet não devem ser proporcionados a menores de 2 anos de idade. Além disso, orientam dizendo que crianças não devem ter acesso a celulares, tablets ou computadores antes de dormir, nem durante as refeições. 

Outra recomendação diz respeito ao limite diário de uso para crianças entre 2 e 5 anos. Este deve ser de apenas 60 minutos. Outro esclarecimento informa que os pequenos de 6 anos de idade não devem ter acesso a jogos violentos. 

Apesar das recomendações, uma situação aumenta a dificuldade na questão da segurança das crianças no celular. Trata-se do uso indevido que os pais fazem do dispositivo. O mau exemplo é o maior vilão nesta história, pois, como pais que usam o celular a todo momento, de forma desordenada, podem ter controle sobre o acesso de seus filhos. 

Segurança das crianças no celular: Como mediar o acesso  

Um dos pontos fortes da busca por soluções é procurar conhecimento e informação. Na verdade , nem tudo é ameaçador, quando se trata do uso de celulares. Eles são dispositivos que podem fazer parte do cotidiano infantil, porém, é preciso monitoramento, vigilância e direcionamento. Diante disso, torna-se grande a responsabilidade de pais e educadores.  

A advogada Dra. Ana Paula Lazzareschi de Mesquita, em artigo publicado no Estadão, reafirma a responsabilidade dos pais e dá informações sobre o que diz a lei. Ela afirma que:  

“Os pais podem, efetiva mente, fazer o controle digital de seus filhos e monitoramento saudável dos acessos. Devem usar aplicativos e softwares de controle parental e devem realizar, constantemente, “blitz” no celular, computador e e-mails. A lei é clara: não existe invasão de privacidade entre pais e filhos menores de idade.” 

E ainda comenta que:  

“Ao se aceitar isso, a família pode orientar os filhos para uma utilização consciente e segura da internet. Até porque a verdade deve ser dita de acordo com a idade e maturidade da criança. A escola tem o dever legal de informar e os pais tem o dever legal de educar”– (Lazzareschi de Mesquita-2019) 

A segurança das crianças no celular é uma questão essencialmente importante. Sabemos que por meio dos celulares elas podem adquirir conhecimentos e aprendizados úteis. No entanto, o excesso e o descontrole fazem mal à saúde do corpo e da alma. Não podemos deixar de proteger nossos pequenos, especialmente nos primeiros anos de vida.  

Fontes: 

https://classnet.tech/por-que-a-lgpd-e-importante-na-hora-da-matricula-dos-seus-filhos/

https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/metro/criancas-de-5-anos-ja-sao-tratadas-em-decorrencia-da-dependencia-de-celular-em-fortaleza-entenda-1.2144158

https://papodemae.uol.com.br/noticias/o-papel-de-maes-e-pais-diante-dos-riscos-da-internet.html

https://www.gazetadopovo.com.br/economia/nova-economia/5-mitos-da-privacidade-online-revelados-08ezdlcp1z4qjh65urq245yb4/

https://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/criancas-no-front-da-seguranca-digital/

https://www.drogarialiviero.com.br/blog/celular-e-saude/

https://saude.abril.com.br/bem-estar/5-mitos-e-verdades-sobre-como-o-celular-afeta-a-saude/

https://www.jornaljurid.com.br/noticias/as-escolas-estao-protegendo-os-dados-pessoais-dos-seus-filhos

https://lunetas.com.br/telas-e-criancas-conheca-os-mitos-e-riscos-desta-exposicao/

https://www.globalmedclinica.com.br/uso-excessivo-celular/